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Em seu chalé pré-fabricado, na região serrana do Rio de Janeiro, a designer Regina Kato desliga completamente da rotina. Nem luz elétrica há por ali.
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André Nazareth
A designer Regina Kato na varanda da casa de campo.
André Nazareth
Projetada pelo arquiteto e designer Sergio Rodrigues nos anos 1990, a cabana com estrutura de garapa maciça e paredes de compensado fica suspensa do piso para evitar umidade.
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Regina decorou a cabana com móveis, tapete e almofadas de Fernando Jaeger, de quem é sócia no Rio. “A poltrona de vime já estava no imóvel. Pensamos em nos desfazer dela, mas vimos que bastava um assento estofado para deixá-la confortável”, afirma.
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No detalhe, o vaso com as flores do quintal.
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“Não temos energia elétrica aqui. Por isso, a transparência é essencial para ampliar a entrada de luz natural”, conta. “Ao entardecer, acendo as velas que deixo espalhadas pelos ambientes – elas criam uma atmosfera deliciosa.”
André Nazareth
Nesta cozinha, os temperos ocupam as prateleiras acima da bancada na ordem mais prática para Regina cozinhar.
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Em cada janela, há surpresas como o vaso de papel da Ligne Roset, comprado numa viagem, e a coleção de pássaros de Milton.
André Nazareth
A vista do hall da casa de campo.
André Nazareth
Detalhe dos passarinhos de madeira.
André Nazareth
Na suíte do andar de cima, a escrivaninha fica encaixada numa espécie de bay window, banhada de luz natural. A cadeira com rodízios é de Fernando Jaeger, e o enxoval florido, um achado de Regina, apaixonada por cores e estampas.
André Nazareth
A casa vista da mata.
Logo que entra na casa em Secretário, vilarejo com agradável clima de roça na região serrana do Rio, a designer Regina Kato larga as várias sacolas de mantimentos na cozinha, calça sapatos confortáveis e vai colher flores e ervas no jardim. Com as mãos na terra, cumpre uma espécie de ritual de chegada a seu oásis, a quase mil metros de altitude e cercado de grande área de mata Atlântica. Em poucos minutos, transforma os maços de plantas em bonitos arranjos em vaso, que distribui por todos os cômodos da cabana de madeira, de 90 m², projetada pelo arquiteto e designer Sergio Rodrigues nos anos 1990. Mais perfumado e colorido, o fim de semana pode, então, começar. Regina e o marido, o médico homeopata Milton Ungierowicz, passaram bastante tempo procurando um refúgio para escapar da vida agitada que levam durante a semana na capital fluminense. “Imaginávamos uma construção simples, charmosa e fácil de manter, num terreno com muitas árvores, nascente e riacho. Quando vimos este chalé, há cerca de quatro anos, ficamos apaixonados pela forma inteligente como fora erguido, totalmente integrado à natureza. Fechamos negócio, e, desde então, subir a serra se tornou nosso programa preferido”, conta ela. Autora do décor do espaço, a designer fez poucas mudanças na estrutura. A maior delas foi fechar parte da varanda com janelas quadriculadas idênticas às originais, desenhando o jardim de inverno rodeado pela vista. “Não temos energia elétrica aqui. Por isso, a transparência é essencial para ampliar a entrada de luz natural”, conta. “Ao entardecer, acendo as velas que deixo espalhadas pelos ambientes – elas criam uma atmosfera deliciosa.”Como a estrada que dá acesso à cabana é de terra batida e bem acidentada, Regina e Milton chegam ali abastecidos de tudo o que precisam: bons vinhos, livros e um kit de comidinhas gostosas. “Assim, não precisamos pegar o carro e sair para nada”, explica ela. Levamos alimentos na quantidade certa para os dias de descanso, já que não há geladeira (um isopor repleto degelo dá conta de conservá-los). É a dona quem cozinha,incrementando as receitas com ingredientes apanhados no terreno, como o limão usado para temperara salada e marinar o ceviche. O jeito caprichoso e o gosto pela casa bem-arrumada têm tudo a ver com sua vida profissional. Designer formada pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), onde conheceu o gaúcho Fernando Jaeger, ela atuou por muitos anos numa multinacional alemã, no departamento de propaganda e marketing. Quando resolveu largar o mundo corporativo e seguir um caminho em que pudesse usar mais a criatividade, procurou Fernando, já empresário, e propôs abrir uma filial da marca dele no Rio. A sociedade, iniciada há 15 anos, possibilita que Regina exercite sua veia estética – ela assina a linha de tapetes da grife e compõe o décor das duas lojas cariocas, o que inclui os arranjos de flores, claro. Trabalha muito, porém, no chalé da serra, aconchegada numa manta e longe de TV e wi-fi, consegue esquecer a rotina. “Milton e eu temos aqui uma experiência de imersão total, que faz um bem imenso. Caminhamos muito, lemos, descansamos e voltamos revigorados”, conta. “Ainda queremos construir uma sauna a lenha e um ateliê no terreno, mas sem pressa. Este lugar, para nós, é projeto para ser curtido a longo prazo.”
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Nesta cozinha, os temperos ocupam as prateleiras acima da bancada na ordem mais prática para Regina cozinhar
Pré-fabricada com assinatura de mestre
Embora seja mais conhecido como um dos ícones do mobiliário brasileiro, o arquiteto e designer carioca Sergio Rodrigues também produziu, durante a década de 1990, uma série de casas pré-fabricadas. “As unidades seguem sistema de montagem simples: são uma espécie de gaiola feita de ripas, fechada com placas de compensado bem espessas. Cada planta é diferente da outra, pois se adaptava às necessidades dos proprietários”, explica o arquiteto Fernando Mendes, que, por muitos anos, trabalhou com Sergio. “Outras características marcantes dos projetos são a luminosidade generosa, pois há várias janelas e claraboias, e o telhado com forte inclinação, que permite acomodar um mezanino.”
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